sábado, 3 de maio de 2014

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segunda-feira, 26 de março de 2012

Amor Patológico

O amor, definido pelo dicionário Aurélio, nada mais é que: Sentimento que predispõe alguém a desejar outrem. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro, ou uma coisa. 3. Inclinação ditada por laços de família. 4. Inclinação sexual forte por outra pessoa. 5. Afeição, amizade, simpatia. (Antônimo: ódio aversão). 6. O objeto de amor.
Amar é algo que nos renova, nos amadurece. São mistos de sentimentos, como saudade, euforia, prazer, respeito. Porém como perceber quando se torna algo patológico?
O amor dependente é caracterizado pela dedicação excessiva ao companheiro de maneira descontrolada, sendo esse comportamento prioridade para o indivíduo, substituindo seus interesses, valores e amor próprio. O amor patológico pode ocorrer associado a outros transtornos psiquiátricos.
Robin Norwood ressalta essa diferença relacionando o “amor saudável e o amor doentio”, sendo que no amor patológico há riscos como o seu bem estar físico e emocional.
As mulheres portadoras de AP (Amor Patológico) possuem características similares, como possessividade, insegurança, angustia desconfiança, baixa auto-estima, instabilidade emocional relacionada ao parceiro.
Muitas vezes recriamos comportamentos apreendidos pelos nossos pais, familiares. Ter uma infância saudável, com afeto, cuidados é de extremamente necessário para que se torne um adulto com relacionamentos sadios.
Foi criado no Brasil a MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas), um grupo de apoio similar ao AA (Alcoólicos anônimos).
http://www.grupomada.com.br

 Mariana Amaral

domingo, 25 de março de 2012

Um Suporte Egóico Para o Mundo Psíquico De Rafaela                                                                       

 
 Mariana F. Amaral
 
"... Há muitos pacientes que precisam de nós para ser capaz de dar-lhes uma capacidade de nos usar." (from "The Use of an Object and Relating Through Identifications," 1969) (De "O uso de um objeto e relativas através de identificações", Winnicott 1969)


Resumo           
O presente artigo parte de um caso clínico atendido no Centro de Psicologia Aplicada (UNIP), em que a paciente demonstrou a necessidade de desenvolver seus recursos egóicos no setting terapêutico, usando o terapeuta como suporte nessa passagem de criança para pré-adolescente.Embasado pelo enfoque psicanalítico, o artigo pretende destacar os aspectos da necessidade, a partir do outro, de formar o seu mundo psíquico. Nessa medida, o trabalho terapêutico desenvolvido demonstra as faces desse processo, por meio da relação transferêncial e pelo ambiente facilitador.Farei um percurso com alguns textos de Donald W., que de forma direta ou indireta, refere-se ao tema.  Palavras-chave: Psicanálise; abordagem Winnicottiana; suporte egóico; transferência; mundo psíquico.  
Fragmentos Clínicos Rafaela 08 anos foi trazida a clinica escola, pela mãe, cuja queixa era a de teimosia e agressividade. No entanto, a criança trouxe uma demanda distinta durante os atendimentos. Observei na paciente os aspectos de uma menina iniciando precocemente uma pré-adolescência, buscando uma identidade, um modelo. Durante as sessões com a criança, mostrou-se organizada, afetuosa e entusiasmada com as brincadeiras.   “O inconsciente reprimido deve permanecer encoberto, mas o restante do inconsciente é algo sobre o qual todo individuo deseja saber. O brincar, assim como os sonhos, têm a função de uma auto revelação.” [“Why Children Play”. p. 146]  Rafaela aparentou no setting terapêutico ser uma menina madura para sua idade, o que contrastava com a queixa materna, onde a mesma aludia uma regressão da filha quando a paciente pedia para usar fraldas e chupeta. Rafaela mostrou-se muito criativa, possuindo capacidade de simbolizar, aparentemente tolerando a frustração, contudo mostrava-se necessitada de atenção. Nas primeiras sessões, o pai de Rafaela havia se separado da esposa e voltado para Bahia. Durante o processo de psicoterapia o pai da menina, regressou a São Paulo e reconciliou-se com a mulher. Entretanto um dos conteúdos que a paciente trouxe, foi à discussão freqüente dos seus pais e ameaças paternas recorrentes de ir embora outra vez.Aparentemente Rafaela sentia medo de ser abandonada novamente pelo pai e sua relação com a mãe mostrava-se conflituosa. A meu ver, o processo analítico se desenvolveu a partir da concepção da necessidade do outro para fundar seu mundo psíquico.Acredito ser valioso um trabalho de orientação com a mãe, para que desenvolva um ambiente suficientemente bom para que Rafaela com condições físicas e psicológicas necessárias ao amadurecimento emocional da criança.Neste contexto, percebo que os objetivos do trabalho terapêutico estão sendo alcançados. Forneço a Rafaela um ambiente de holding e através da relação transferêncial positiva, entendo que a menina se fortalece egóicamente, usando-me como suporte. Acredito assim desenvolver o universo psíquico de Rafaela. “Sem sombra de dúvida as experiências pulsionais oferecem uma valiosa contribuição ao processo de integração, mais o ambiente suficientemente-bom também esta presente o tempo todo do holding, adaptando-se suficientemente bem as necessidades que vão se modificando. É apropriado a esses estagio que alguém atue apenas através do amor, do amor que carrega consigo a capacidade de identificação com o bebê, alem de sentimentos de que a adaptação às necessidades é que vale a pena. Podemos dizer que a mãe é devotada ao seu bebê, temporária, mais verdadeiramente...”[“Group Influences”, p. 148]
Consideração Teórica Clinica  
Procurei trabalhar com a criança seus conteúdos inconscientes advindos através do brincar.Segundo Abram (2000) da mesma forma que Freud entendia o sonhar como sendo o “nobre caminho que leva ao inconsciente”, Winnicott via o brincar como o “portão de entrada para o inconsciente”:Quando Rafaela nasceu, sua mãe sofria de depressão, tomando medicamentos, que a deixavam lentificada, acredito que um bebê “vivo” não pode ser acolhido satisfatoriamente por sua genitora, pois a mesma possivelmente estava voltada narcisicamente para si e sua doença, pouco ligada aos gestos da filha.Penso que a mãe trata e deseja, talvez inconscientemente, que a filha seja “o seu” bebê, para que assim possa ter domínio sobre ele fazendo com que esse “bebê” imaginário a obedeça.Segundo Abram (2000) apud Winnicott, o ego é responsável por recolher as informações (as experiências externas e internas), organizando-as. Contudo, isto somente é possível se a mãe for suficientemente-boa, já que inicialmente o ego do bebê é ela. Durante a fase de dependência absoluta, o estado de preocupação materna primaria faz que ela se constitua no suporte egóico necessário ao bebê por meio de sua adaptação às necessidades dele. A intensidade deste suporte egóico depende inteiramente da capacidade de adaptação da mãe.Com a ajuda deste poderoso suporte egóico desde o inicio, o bebê torna-se apto a desenvolver-se e crescer.  "Existe o meio ambiente que não é suficientemente bom e que distorce o desenvolvimento do bebê, da mesma forma que pode haver um meio ambiente suficientemente bom, aquele que permite ao bebê alcançar, em cada estágio, as satisfações, ansiedades e conflitos inatos apropriados" (Winnicott, 1993, p. 491). Baseado nisso, o bebê consegue atingir os próximos estágios do desenvolvimento, atravessar os estágios de dependência e alcançar um estado saudável e de maturidade.Esta é uma dinâmica constante vivida por cada individuo em cada período de vida.Referente à função paterna, Winnicott divide-a em três campos essenciais: a relação entre os pais, o suporte oferecido pelo pai à mãe em sua autoridade e a capacidade de ser ele “aquele que faz a distinção em quem ele é o os outros homens” (What about Father, 1945).Ao contrario do papel paterno que Winnicott descreve, o pai de Rafaela tem uma relação conflituosa com a esposa, e reforça questões como abandono, violência, insegurança. Refletindo diretamente nas atitudes da criança.Acredito que Rafaela oscila entre os dois papéis, o de criança, satisfazendo e apaziguando as angústias maternas, e a de “mocinha” para fortalecer o vínculo que estabeleceu comigo, me usando como suporte nessa passagem de criança para pré-adolescente.O nascimento e o desenvolvimento da criança nesse ambiente se deram de forma conflituosa, uma criança, “viva”, com energia voraz e testando os limites dos pais (como normalmente fazem as criança comum) gerou, no que acredito ser o ponto de vista materno uma teimosia da filha.Balint (1969) ao falar da “falta básica”, relata que o paciente tem o sentimento de algo faltante, ela origina-se quando alguém ou esteve em falta com esse bebê ou lhe faz falta, segundo o autor, “essa nova zona é cercada de uma grande angustia, que se exprime em geral sob a forma de um pedido desesperado para que o analista, desta vez, não lhe falte” (pág. 27).Winnicott, (1969b, p. 184) complementa Balint, quando revela em sua teoria e prática clínica, as necessidades dos sujeitos e os modos como o ambiente pode favorecer a construção da identidade do individuo.Presumo que Rafaela necessita desse suporte egóico por não possuí-lo satisfatoriamente no seu ambiente familiar. Aparentando ter sentimentos de desamparo.Segundo Zimerman (2008) apud Winnicott, “a condição de desamparo da criança aparece em muitas das suas concepções. Vale destacar pelo menos uma delas: Aquela que, desde bebê, o filho sente nas falhas do holding materno, muito particularmente aquela que se refere à necessidade de que essa mãe seja suficientemente boa, com condições de funcionar como um adequado espelho... Outra frase que traduz o possível pensamento da criança: “Olho e sou visto, logo, existo!”. “Sem esse olhar reconhecedor da mãe a criança cai no estado de desamparo, sendo que pior do que o espelho de uma mãe que distorce a imagem do filho quando ela responde e reflete mal às necessidades dele, é quando essa mãe comporta-se como um espelho embaçado, opaco, que nada reflete” (p.112).Na visão Winnicottiana, o holding é necessário desde a dependência absoluta até a autonomia da criança, ou seja, quando os espaços psíquicos entre a criança e sua mãe já estão perfeitamente distantes.Pressuponho que a paciente, por ter sido gerada em uma relação extraconjugal, com uma estrutura familiar fragilizada e por ter sua mãe depressiva ao nascer, não obteve um holding suficientemente bom, o que levou a criança a buscar esse holding no setting terapêutico e suporte um suporte egóico na relação transferêncial como analista. 
Considerações Finais 
 Gradativamente reforcei em Rafaela seus recursos egóicos, proporcionando um ambiente de Holding, onde a paciente pudesse vivênciar suas fantasias inconscientes e as representações de seu próprio self.Pude compreender que a paciente, durante os atendimentos, sentia-se livre para expressar seus conteúdos infantis e suas atitudes, curiosidade pré-adolescente.Revelava suas angustias, tristezas, abandono, assim como suas alegrias.Ao longo dos atendimentos fui trabalhando com Rafaela as questões trazidas por ela e pela mãe. Porém os atendimentos a mãe eram orientativos, sempre em sessões distintas.Acredito ser função do psicólogo fortalecer, compreender, ouvir, acolher entre tantas outras. Porém no caso descrito, tive como objetivo a demanda que Rafaela me trouxe e busquei ajudar-la a descobrir e/ou a encontrar a sua identidade. Através de um vinculo terapêutico forte, pude ser usada como um meio “facilitador” as necessidades da criança em fortalecer o seu mundo psíquico.    

Referências Bibliográficas  ABRAM. J. “A linguagem de Winnicott” (2000). Ed. RevinterZIMERMAN. D “Fundamentos Psicanáliticos” (2008). Ed. ArtmedFADIMAN. J; FRAGER R. “Terias das Personalidades” (1939) Ed Harbra. FREUD, S. “Formulação dos dois princípios do funcionamento mental” (1912). Obras Completas. Vol. XII. Imago Editora: Rio de Janeiro. LAPLANCHE. PONTALIS. “Vocabulário da Psicanálise” (2001) Ed Martins Fontes WINNICOTT, D. W. (1945). “Desenvolvimento emocional primitivo”. Porto Alegre, RS: Artes Médicas.    *Todos os nomes citados no artigo, são fictícios